O SNAPCHAT MORREU? O QUE ESPERAR DESSA REDE SOCIAL?

Com a função Stories em todos os aplicativos do Facebook, será que o Snapchat morreu? Descubra a resposta para essa pergunta nesse artigo.

Seu Snapchat está morto?

Sua persona não quer mais saber de Snaps, só quer Stories?

Acha que algum outro app tem o necessário para esmagar o Snapchat?

Bem, parece que o caso é um pouquinho mais complicado que isso…

Com a recente adição do Messenger Day, no Facebook, o Status, no Whatsapp, o Story, do Snow, e o já clássico caso do homônimo Stories, no Instagram, o declínio de acessos no Snapchat parece cada vez mais evidente.

Milhares de usuários vêm abandonando a rede para retornar para aplicativos mais simples, mais leves ou já integrados com a sua rede de contatos.

Cerca de 82% do crescimento do app foi minado pelo surgimento das alternativas para sua funcionalidade principal: a publicação de mensagens (combinando vídeo, texto e imagem) com tempo de expiração de 24h.

Mas, mesmo com todos esses pontos negativos, o lançamento da oferta pública inicial da empresa do Snapchat causou algum rebuliço no mercado.

E, de acordo com o relatório lançado pela própria Snap Inc., as coisas não vão tãaaao mal assim.

Será que o app está mesmo morto? Será que hoje o Instagram ainda sairia vitorioso em uma disputa direta contra o Snapchat?

No texto de hoje vamos explorar mais sobre o assunto e tentar descobrir se, de fato, as chuteiras do Snapchat já podem ser penduradas.

Um breve histórico do Snapchat

Antes de saltarmos para uma conclusão precipitada, é fundamental entender todo o percurso do Snapchat no mercado.

Separamos abaixo alguns dados relevantes sobre o crescimento do aplicativo e a adição de novas funcionalidades desde 2011, quando sua primeira versão foi lançada:

  • O app começou em meados de 2011 com o nome de Picaboo, uma ferramenta de troca de mensagens por imagens no iOS. No mesmo ano o aplicativo foi renomeado para Snapchat e já alcançava a marca de mil usuários ativos diariamente.
  • Em 2012 o app ganhou sua versão para Android, e dali em diante passou a ter uma média de um milhão de usuários ativos todos os dias, incluindo também a funcionalidade de gravar e enviar vídeos juntamente de fotografias.
  • Foi em 2013 que a aclamada (e tantas vezes replicada) função Stories surgiu no aplicativo, permitindo que você visualizasse a linha do tempo de um contato. As alternativas de replay e filtros inteligentes surgiu bem no final desse período, tornando o app bem mais dinâmico.
  • A marca dos 50 milhões de usuários ativos diariamente chegou em 2014, logo após a implementação da funcionalidade de chat, Live Stories, Geofiltros e, por fim, propagandas.
  • Em 2015 o app começou a fazer mais dinheiro, lançando a alternativa Discover para grandes nomes do mercado, o recurso Lenses e alcançando a marca de 100 milhões de usuários ativos diariamente, o que acabou culminando na abertura de um escritório internacional para o aplicativo.
  • No ano de 2016 o app se reinventou: Geofiltros sob demanda, Chat 2.0, integração com o Bitmoji, área de Memories, Chat em grupo e o Spectacles foram lançados, levando o app a ganhar mais 50 milhões de usuários ativos, totalizando 150 milhões de acessos diários e superando o Twitter.

Entendendo dados dos últimos anos

Em cinco anos de história o aplicativo mudou – e muito – na maneira como lida com a privacidade dos usuários e com os anunciantes na rede.

Como podemos observar no histórico acima, o crescimento de usuários ativos diariamente teve seu maior boom de 2014 para 2016, somando uma média de 50 milhões a cada ano.

A maior queda, porém, veio nesse mesmo período.

No primeiro trimestre de 2016 a rede teve um crescimento registrado de 21 milhões de usuários ativos, mas, já no último trimestre, acabou apresentando a assustadora marca de apenas 5 milhões em uma data que coincidia com o lançamento do modo Stories do Instagram.

A concorrência acirrada que começava a surgir, tanto com o lançamento do modo Stories, quanto com a crescente popularidade do aplicativo Snow, no oriente, acabou afetando de maneira drástica a incrível escalada que o Snapchat vinha experimentando até então.

Usuários do Android, principalmente, acabaram optando pelo modo Stories, que é bem mais leve e tem reduzido consumo de bateria e memória quando comparado ao Snapchat.

Todas essas mudanças afetaram os dados demográficos do aplicativo, que, até então, reinava entre os adolescentes e jovens adultos.

Desde o final de 2016 pode-se observar um aumento dobrado de usuários com mais de 25 anos quando comparado com os usuários abaixo dessa faixa etária, o que, sem dúvidas, muda um tanto a dinâmica para empresas e influenciadores da rede que trabalhavam com outro espectro demográfico.

Apesar disso, ainda é notável a quantidade de vezes que o app é aberto diariamente: um usuário comum abre o aplicativo, em média, 18 vezes ao dia, mantendo-se conectado pelo tempo de 25 a 30 minutos em cada sessão.

60% desses usuários gasta esse tempo criando novos snaps e aproveitando da função de chat da plataforma.

Ou seja, apesar da redução do crescimento, os usuários que se mantiveram fiéis ainda garantem um bom engajamento para a rede, que mantém uma surpreendente média de criação de 400 milhões de snaps todos os dias.

O Snapchat está morto? E a culpa é de quem?

Apesar da evidente redução no crescimento de usuários ativos no app, está bem claro que ele ainda não morreu.

Mas, a culpa desse declínio é de quem?

Os golpes vieram de todos os lados: Mark Zuckeberg (CEO do Facebook) vinha tentando comprar o app desde 2012 e, desde o primeiro “não” recebido dos responsáveis pelo Snapchat, investiu em quatro ou cinco tentativas de copiar seus principais atributos.

O app Poke (encerrado em 2014), Instagram Direct e o Slingshot, no Facebook, foram os primeiros passos nessa tentativa que culminou no surgimento do modo Stories do Instagram.

Já em setembro de 2015, o Snow, versão sul-coreana do Snapchat, começou a tomar a fatia asiática do mercado do app, totalizando mais de 70 milhões de downloads apenas nessa região – e, como se não bastasse, o Snow tem permissão para funcionar na China, justamente onde o Snapchat é proibido pelo governo.

Agora, com o lançamento do Messenger Day no Facebook, mais um clone chega ao mercado, dificultando ainda mais para o lado do Snapchat.

Outro ponto muito levantado é o fato de empresas acabarem preferindo a alternativa do Instagram Stories para fazer seus anúncios, principalmente por conta da possibilidade de ser organicamente encontrada e a dificuldade de adaptação ao ambiente do aplicativo da Snap Inc.

A falta de métricas mensuráveis também atrapalha o negócio de quem prefere moldar a estratégia com base em dados, e daí o Instagram parece oferecer um melhor suporte às empresas.

A vantagem do Snapchat, porém, está na sua capacidade de atingir um público bem específico e ainda gozar de muita privacidade quando comparado com outros aplicativos que já copiam suas funcionalidades.

O que esperar do futuro do Snapchat?

Então, se o Snapchat não está morto, o que podemos esperar para 2017?

Como a própria empresa disse no documento oficial para o IPO, “a principal estratégia da Snap Inc. é focar em inovações e arriscar na melhoria de seus produtos”.

A insistência em se afirmar como uma empresa de câmera, e não de aplicativos, também pode ser um indicativo do que vem por aí.

No final do ano passado a empresa anunciou o lançamento do Spectacles, o primeiro hardware a levar o nome da Snap Inc. para o mercado.

Esse produto consiste em um par de óculos escuros dotados de câmeras laterais que gravam e enviam todo o conteúdo diretamente para o Snapchat via Bluetooth.

É inegável o impacto que a popularização de produtos como o Spectacles traz na maneira como o conteúdo é criado – principalmente pelos nomes de destaque nas redes sociais. Mas, em termos de mercado, ainda é difícil prever o impacto que esse tipo de produto terá na economia da Snap Inc., e se isso bastará para salvar o Snapchat do esquecimento.

A súbita redução de usuários na rede sinaliza a necessidade de mudanças, e superar seus concorrentes torna-se mais do que fundamental para que o Snapchat continue no mercado.

Para os próximos anos podemos esperar mudanças consistentes na rede social e, de preferência, de funcionalidades que não sejam replicáveis por outros aplicativos.

A adição de novos componentes, apesar dos constantes problemas técnicos gerados no passado, são uma boa alternativa para que o Snapchat continue no mercado reconquistando seus usuários “perdidos”.

Mas, para manter o crescimento de 50 milhões de usuários ativos ao ano de maneira rentável, a rede social precisará encontrar muito mais que o simples equilíbrio entre a privacidade oferecida pelo seu sistem, novas opções de engajamento e a possibilidade de manter anúncios de maneira saudável para o usuário.

Agora resta saber se o Snapchat encontrará a medida certa para a inovação, sem prejudicar toda a personalidade já criada no ecossistema do aplicativo.

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